sábado, 29 de fevereiro de 2020

Wuant, shame on you.


Há poucos dias o Youtuber mais influente do país (dados da Forbes) e a sua (ex) namorada terminaram a sua relação. Aquilo que começou por parecer uma prank acabou por se tornar em algo real. Após o anúncio que se iam separar, no dia a seguir Wuant lançou um vídeo que “em conjunto” com a Owhana explicam as razões para “ambos” terem querido terminar a relação. E se eu até conseguia apreciar o trabalho e esforço do Wuant isso rapidamente desvaneceu.
Enquanto a namorada está ao seu lado e chora repetidamente ele vai-se rindo na cara dela. Diz que estão juntos desde sempre, que foram os primeiros um para o outro em tudo e que portanto “querem” dar um espaço e tempo à relação para não caírem em rotinas chatas. Se isto é compreensível? Claro que é. Mas falamos de um vídeo em que a mulher acaba por estar completamente subjugada, em que ele lhe diz que quer experimentar coisas novas “mas que isto não é o fim”. É como quem diz, fica aí à minha espera que eu vou ali estar com umas gajas boas que até gostam de mim e me desejam devido à fama e dinheiro que tenho e tu fica aí à espera, isto pode não ser o fim.
Wuant também diz no vídeo que para ela é capaz de ser mais díficil superar a relação, visto que ele já tinha estes pensamentos há dois anos. DOIS ANOS. Como é que alguém está com uma pessoa dois anos cheio de dúvidas se é isso que quer e ainda lhe espeta isso na cara para um vídeo que vai atingir certamente mais de um milhão de visualizações?
Falamos do maior influenciador português, o youtuber que tem mais visualizações no nosso país. E que se limitou a influenciar os mais novos a acabar da pior maneira e da maneira mais humilhante possível com alguém.
Isto está no Youtube. Crianças vêem isto e acreditam que é normal. Que o amor é assim. Não se enganem.



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Eutanásia aprovada em Portugal


Quando falamos da eutanásia as opiniões dividem se. Há quem acredite piamente que a eutanásia não é uma solução, que se deve investir nos cuidados paliativos. Num país em que morrem pessoas nas filas de espera dos hospitais a prioridade é o investimento no nosso sistema nacional de saúde. E disso ninguém pode discordar. A verdade é que Portugal está muito aquém do esperado quando falamos de cuidados paliativos.
Mas a verdade é que estamos no século das liberdades individuais. E é isso mesmo que a eutanásia é: uma liberdade individual. E não, ninguém quer matar os velhinhos. Quer se sim dar a doentes terminais e com doenças que não trazem nada para além do sofrimento a opção de partirem em paz, com a dignidade merecida. Quer se permitir que a última imagem dos familiares seja a imagem de uma pessoa feliz, sã. Ninguém é obrigado a nada. Se estiverem com uma doença terminal e quiserem continuar neste mundo, calma. Ninguém vos vai matar. Os direitos são uma escolha não são uma obrigação.
Claro que a eutanásia exige alta supervisão tanto dos médicos como do estado. Tem de se garantir que não é qualquer pessoa que pode tomar esta decisão. E não tenho dúvidas que assim seja.
Basta nos olhar à nossa volta. A Holanda é um país bastante evoluído e a eutanásia há muito que deixou de ser tabu. Exemplos como este deviam nos mostrar que efetivamente isto não é um recuo, mas sim um avanço.
Claro que há argumentos contra plausíveis: o direito à vida é o direito mais basilar que temos na nossa constituição, o dever de um médico é salvar e não matar. E não discordo com nenhum destes pontos. Mas como é esperado estamos em Portugal e há sempre pessoas que conseguem manchar a imagem de um movimento. E acho que a reportagem da CMTV à porta da Assembleia da República espelha isso mesmo. Dois jovens são entrevistados e quando lhes é perguntado o porquê de estarem ali as respostas são do gênero: ya, eutanasia é má. Porque? Porque mata ya. Em menos de 2 minutos a imagem de quem defende a ilegalização da eutanasia está marcada. Mas claro que há gente inteligente, com argumentos tão bons que às vezes até nos fazem por o pé atrás neste tema. Falo por mim.
Mas rapidamente há uma pergunta que se invade a mim e que me faz esquecer todas estas indecisões: não será justo permitirmos que alguém parta deste mundo com a dignidade merecida?




Nota: estão a ser recolhidas assinaturas para o pedido de um referendo. Quem o assim entender pode dirigir se a uma igreja que quase todas estão a recolher assinaturas.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

A Era dos Malucos

Há quem lhe chame século XXI mas eu gosto mais da 'Era dos Malucos'.

Vivemos numa era em que ou somos nós os malucos ou toda a gente que está à nossa volta é que é. Falo contra mim, quem é que no seu perfeito juízo em 2020 ainda escreve num blogue e tem a esperança que alguém leia? Eu e mais uma centena de apaixonados pela escrita e inconformados com a sociedade onde vivem.

Vivemos numa era em que um 'influencer' recebe mais a mostrar a maquilhagem que usou para os Globos de Ouro do que o jornalista que cobriu o evento. E acreditem, bem mais.

Vivemos na era das Fake News. Em que qualquer um acredita naquilo que lê no Twitter e no Facebook mas que quando vê uma notícia que não lhe convém sobre o seu clube vai para a caixa de comentários do Facebook do órgão de comunicação "ISSO É MENTIRA". Em caps lock e num perfil sem fotografia e com um nome do género "Benfica'1904".

Pegando neste tema, não sei se já perderam tempo nas caixas de comentários do Facebook mas é sem dúvida algo único. Se não têm sanidade mental simplesmente apaguem o Facebook, fazem me um favor a mim e a toda a gente que ainda procura na caixa de comentários gente decente e com educação. Entre o Caps Lock e 10 erros ortográficos pelo meio às vezes ainda dá para rir, com os anónimos revoltados. Porque toda a gente tem mais poder atrás de um ecrã. Mais uma vez, falo contra mim. Também eu me sinto poderosa a escrever no meu blogue, a diferença é quem o faz para o 'bem' e quem o faz para insultar jornalistas, atores, figuras públicas no geral.

Vivemos na era dos inconformados com a vida que não têm, das ilusões - toda a gente quer aparentar nas redes sociais ter uma vida que não tem. Tudo por likes e comentários. Isso nos dias de hoje traduz-se em poder. E a realidade é que as pessoas se sentem mesmo poderosas quando conseguem milhares de gostos.

Vivemos numa era em que qualquer piada, comentário é racismo, homofobia. E isso é tão mau.Num século em que devíamos estar gratos pela liberdade conquistada pelos nossos avós, num século em que devíamos lutar todos para o mesmo lado, acabamos todos a afastar-nos ainda mais. É de relembrar que um jogador de futebol foi multado e condenado a um jogo de suspensão, por apenas fazer uma brincadeira com um amigo seu numa rede social.

Vivemos numa era em que uma jovem que luta pela sustentabilidade mundial é constantemente criticada. Apenas por ser irritante. Claro que é. Mas a verdade é que faz mais pela sustentabilidade do que nós todos. Greta conseguiu mobilizar milhões de jovens para esta luta com ela. Mas, no entanto, temos o Presidente de uma das maiores economias mundiais a chamar-lhe 'pirralha'. Triste.

Vivemos numa era onde se perderam os limites, o bom senso e a boa educação.

No fundo, vivemos numa era que eu abomino. E espero que vocês também.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Sorte Indesejada - História Ficcional

* História criada para a faculdade, mas que até correu bem *


Janeiro 2030
Estamos em 2030. Hoje é dia 1 de Janeiro do ano que já datei. O meu pai morreu ontem e, por isso, vou ter de assumir as suas responsabilidades. A partir de agora sou a rainha de Portugal. Sim, Rainha, os tempos mudaram e mesmo tendo um irmão, sou a mais velha e, por isso, a herdeira ao trono. Portugal há muito que esqueceu a democracia – deixou de se acreditar nisso. Desde que José Sócrates foi o primeiro-ministro que os portugueses optaram por não sonhar com essas coisas que aprenderam nos bancos de escola. Ninguém foi preso, ninguém foi julgado. Como devem imaginar, isso revoltou a população e o meu pai foi coroado Rei de Portugal.
Provavelmente estão a questionar-se como. É muito simples, houve uma guerra civil em Portugal contra o regime português e sendo nós a família real portuguesa, fomos nós os escolhidos. Que sorte não é? Estou à frente de uma monarquia absoluta. 
Muitos devem-me achar uma mulher cheia de sorte, mas não. Tinha 15 anos quando o meu pai foi coroado rei, tinha uma vida que se pode classificar como normal e do dia para a noite tudo mudou. Deixei de frequentar a escola em que andava com os meus amigos, deixei de sair à noite, de ir ao café. Fazer coisas tão simples como um passeio à beira-mar. Fiquei do dia para a noite presa neste castelo. E como se as coisas não conseguissem piorar, perdi o meu pai e sou agora a rainha de Portugal. Isto até é estranho de escrever, eu que odeio este sistema e a forma como ele funciona estou à frente dele. Não quero, mas não quero desapontar o meu querido pai que ainda hoje deve estar de olho em mim.
Provavelmente, estão a questionar-se o que me faz odiar tanto este sistema. Vivo presa num castelo, carregado de luxos. Tenho mais de 30 empregados, não faço a cama, não cozinho, não levanto sequer um prato da mesa – não me deixam. As minhas roupas são todas de estilistas caríssimos, o meu guarda-roupa é mais caro que metade das casas da população. Isso é a minha maior revolta – saber que há gente do outro lado carregados de dificuldades, que quase não têm dinheiro para pôr comida na mesa. Saber que vivo numa realidade tão diferente da sociedade portuguesa angustia-me.
As pessoas não acreditam na democracia, mas parece-me impossível que acreditem na monarquia. Já não acreditam, perderam as ambições, a luta que era tão familiar ao nosso povo. Não sei como a minha vida vai ser a partir daqui mas tenho uma certeza irei dar o meu melhor para ressuscitar este povo. 
Fevereiro 2030
Faz um mês desde a última vez que estive aqui. Estou na janela do meu casulo, finalmente sozinha e em sossego. Este último mês foi um caos – e eu que só gosto de paz. Eu que ansiei com isso toda a minha vida, com uma vida calma. Com uma vida comum, no fundo é só o que eu desejo. O sol ainda não saiu de perto e esta vista do meu aposento é algo que desejo na minha vida.
 Consigo ver e ouvir as ondas do mar a baterem umas nas outras. Consigo ver as pessoas a mergulharem e brincarem na água. A água é tão azul, tão transparente. Se há um sítio onde era verdadeiramente feliz era na praia. A água, a areia, a sensação de liberdade que a praia me dava, a sensação de que conseguia alcançar tudo aquilo que eu queria. Mas é isso mesmo, uma sensação, pois eu sou tudo menos livre. Acordo todos os dias às 6 da manhã para ter uma reunião com os meus conselheiros. Não tenho um momento de paragem. Hoje foi um dia complicado, para variar fui pressionada a fazer algo que vai além dos meus princípios. Decretamos a prisão perpétua a um senhor que tinha diversos livros democráticos em casa e o que os andava a vender em faculdades. Tive de tomar a decisão de o prender, os meus conselheiros dizem que se não o fizesse o homem podia espalhar as ideias democrática no país. E isso é mau? É uma boa questão.
Vivo presa a uma monotonia e tenho a impressão que nada estou aqui a fazer. Não sinto o meu povo a andar, sempre que vou passear nas ruas só vejo decadência. Eu, no meu carro de luxo, enquanto vejo homens no chão a pedir esmola. Sujidade na rua, tristeza nos olhos daqueles que se cruzam comigo todos os dias. Nos olhos de quem não come há dias ou se come não comeu mais que um pão e tudo graças a mim.
Sou pressionada todos os dias para manter o meu estilo de vida e o da corte exatamente como o meu pai o deixou. Dizem-me para honrar o legado, mas o que eles não percebem é que eu não me estou a honrar a mim.
Março 2030
Mais um mês, mais um dia que estou a escrever aqui. Que me perco nos meus pensamentos e os exprimo verdadeiramente nesta folha de papel. Sim, papel. Não gosto de escrever em computadores,  os meus sentimentos morrem no teclado.
Hoje, estou especialmente triste. O meu irmão completa 19 anos e a sensação é que ele me odeia. Odeia, porque eu estou na posição que ele mais desejava, mas é o filho mais velho que herda o trono. E que culpa tenho eu? Eu não pedi isto. Não percebo como pode fazer com que não troque palavras com a irmã.
Lembro-me de quando éramos pequenos e vivíamos em paz. Éramos os melhores amigos, partilhamos momentos que nunca dividi com ninguém. Mas desde que a nossa vida mudou que o Rodrigo nunca mais me olhou com os mesmo olhos. Foi-lhe logo dito que teria de viver na minha sombra para o resto da vida e ele nunca conseguiu lidar com o que considerou ser a sua tragédia. Fez com que seguisse os caminhos errados. Começou a beber e consumir drogas muito cedo – e isso teve repercussões drásticas na sua vida.
Também ele vive no castelo - supostamente já não consome e pode enganar muita gente. Eu sei o que ele faz, mas não tenho coragem de o expulsar ou até interná-lo numa clínica. Como é que posso mandar internar o meu irmão quando se calhar é exatamente isso que eu preciso? Se calhar ele nem é assim tão tonto. Eu nunca fui muito de beber nem de consumir drogas, mas já nem sei se é isso que estou a precisar. O Rodrigo já me contou que as usa como um escape à realidade e era só isso que eu queria - fugir daqui, fugir desta realidade.
Agosto 2030
Bem, de volta aqui. Fui apanhada. Estou em todos os noticiários e em todos os jornais. Pesquisando o meu nome na internet só encontram uma coisa – Rainha de Portugal consome drogas. Encontraram heroína no meu quarto e alguém vendeu essa história às televisões. Reuni com os meus conselheiros nem à uma hora e eles garantem que isso não é suficiente para me destituírem. Mal eles sabem, que é exatamente isso que eu quero. Disseram-me que eu era a Rainha de Portugal e acreditaram, ou fingiram acreditar, que fora uma vez sem exemplo. Claro que isso é mentira. De há 5 meses para cá que é raro o dia em que eu não consumo e, para ser sincera, isso faz-me tão bem, sinto-me melhor assim. Ponho todos os problemas de parte, sinto-me noutro mundo, noutra realidade que não a que me obriguei a estar.
Estou na varanda do meu quarto e em cima da mesa está uma seringa, mais uma. Se por um lado sei que tenho de me deixar disto, a vontade de a injetar é muito maior. Não consigo.
….
Já está. Não aguentei. Sinto a minha cabeça a andar à roda, mas não me parece suficiente. Quero outra, e desta vez quero uma maior. Estou farta de escrever, farta disto, que me digam o que fazer. De olhar pela janela do meu quarto e ansiar a liberdade que sei que não vou alcançar.
….
Mais uma e continua sem me parecer suficiente. Mas já me sinto a perder as forças, o ar. Os meus olhos estão a fechar, não consigo mais escrever.
Não paro de consumir heroína na ânsia de me tornar uma.


Correio da Manhã, 23 de Agosto de 2030
Rainha de Portugal encontrada morta no castelo de Sintra
Na noite passada, a Rainha D.Francisca I foi encontrada morta no seu quarto – no Castelo de Sintra. As razões para a sua morte já são conhecidas, depois da autópsia e os resultados não deixam margem para dúvidas. D. Francisca morreu de overdose. Muitos especulam que tenha cedido à pressão e que não tenha sabido lidar com o peso de carregar consigo um país às costas.

O mistério da maldade

Valentina, desculpa. Em nome de todos aqueles que pela tua vida passaram e nada conseguiram fazer para este desfecho trágico. Desculpa, ...