sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Eutanásia aprovada em Portugal


Quando falamos da eutanásia as opiniões dividem se. Há quem acredite piamente que a eutanásia não é uma solução, que se deve investir nos cuidados paliativos. Num país em que morrem pessoas nas filas de espera dos hospitais a prioridade é o investimento no nosso sistema nacional de saúde. E disso ninguém pode discordar. A verdade é que Portugal está muito aquém do esperado quando falamos de cuidados paliativos.
Mas a verdade é que estamos no século das liberdades individuais. E é isso mesmo que a eutanásia é: uma liberdade individual. E não, ninguém quer matar os velhinhos. Quer se sim dar a doentes terminais e com doenças que não trazem nada para além do sofrimento a opção de partirem em paz, com a dignidade merecida. Quer se permitir que a última imagem dos familiares seja a imagem de uma pessoa feliz, sã. Ninguém é obrigado a nada. Se estiverem com uma doença terminal e quiserem continuar neste mundo, calma. Ninguém vos vai matar. Os direitos são uma escolha não são uma obrigação.
Claro que a eutanásia exige alta supervisão tanto dos médicos como do estado. Tem de se garantir que não é qualquer pessoa que pode tomar esta decisão. E não tenho dúvidas que assim seja.
Basta nos olhar à nossa volta. A Holanda é um país bastante evoluído e a eutanásia há muito que deixou de ser tabu. Exemplos como este deviam nos mostrar que efetivamente isto não é um recuo, mas sim um avanço.
Claro que há argumentos contra plausíveis: o direito à vida é o direito mais basilar que temos na nossa constituição, o dever de um médico é salvar e não matar. E não discordo com nenhum destes pontos. Mas como é esperado estamos em Portugal e há sempre pessoas que conseguem manchar a imagem de um movimento. E acho que a reportagem da CMTV à porta da Assembleia da República espelha isso mesmo. Dois jovens são entrevistados e quando lhes é perguntado o porquê de estarem ali as respostas são do gênero: ya, eutanasia é má. Porque? Porque mata ya. Em menos de 2 minutos a imagem de quem defende a ilegalização da eutanasia está marcada. Mas claro que há gente inteligente, com argumentos tão bons que às vezes até nos fazem por o pé atrás neste tema. Falo por mim.
Mas rapidamente há uma pergunta que se invade a mim e que me faz esquecer todas estas indecisões: não será justo permitirmos que alguém parta deste mundo com a dignidade merecida?




Nota: estão a ser recolhidas assinaturas para o pedido de um referendo. Quem o assim entender pode dirigir se a uma igreja que quase todas estão a recolher assinaturas.

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